Rei da Guasca
Lício e Lina
Doutor delegado eu peço licença
Na sua presença uma história contar
Eu não sou valente nem sou criminoso
Mas sou melindroso na parte moral
Eu moro num rancho com a minha amada
Na beira da estrada nas águas de lá
Da lida do gado eu volto cansado
E fazendo agrado ela vem me abraçar
Cheguei no meu rancho na boca da noite
Achei a cabocla num canto a chorar
Perguntei pra ela por que chora tanto
Banhada de pranto me pôs a contar
Eu vinha voltando da venda da estrada
Bem perto de mim vi um carro parar
Aquele ricaço pegou no meu braço
Lutei com o caboclo pra poder escapar
Eu piquei de espora meu burrão tordilho
Virei currupio pra trás eu voltei
Eu cheguei na praça lá estava o ricaço
Contando com graça de tudo que fez
Eu já fui chegando e o cabra surrando
Puxou do revolver mas tempo não dei
No cabo do relho tirei seu galeio
No meio da rua de guasca eu cortei
Está ai na porta da delegacia
Marrado na chincha do meu tordilhão
Lhe entrego o ricaço doutor delegado
Quem tiver errado dê a punição
Caboclo vai embora mas deixe seu relho
Vai servir de espelho da grande lição
E pra esse homem sirva de exemplo
Em mulher dos outros não por mais a mão
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