Armelim de Jesus
Samuel Úria
Um coração hospitaleiro
Deve ser aberto
E a grande cicatriz no peito
É de homem inteiro
Teve na boca a Palavra
Nas mãos calçadeira
Que andar junto aos pés do homem é coisa cimeira
Foi assim Armelim
Ainda que estranho, era o nome de um homem honrado
Armelim não tem fim
Que há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado
Severo quando ser severo
É ser-se acertado
Tão recto que um fio de prumo
Fica embaraçado
Deu aos seus braços a forma de quem abriga
Deu o seu lugar a todos menos à fadiga
Vestiu os pés de toda a vila
Mas vestiu também o chão
Com essas grandes pegadas do seu coração
Foi assim Armelim
Ainda que estranho, era o nome de um homem honrado
Armelim não teve fim
Que há nomes tão fortes que a morte só leva emprestado
Só tinha um sobrenome mas bem o dizia
Quando alguém lhe perguntava a quem ele servia
Chegou-me esse nome por sangue materno
Mas também pela opção
De ir pelas mesmas pegadas que aquele coração
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